terça-feira, 18 de novembro de 2014

Custos de Exames e Tratamento da Hepatite Crônica B

Nas postagens anteriores nesse blog abordamos as características que geralmente determinam os preços dos exames em geral, de modo a estimular o senso crítico dos leitores na avaliação dos diversos valores encontrados no mercado para a realização de exames laboratoriais. Falamos também da importância de se considerar esses preços também no atendimento pelo SUS, pois o nosso sistema de saúde público possui convenio com laboratórios que recebem recursos para realizarem os exames solicitados no âmbito do SUS. Hoje, discutiremos mais especificamente dos impactos que uma doença específica, a Hepatite Crônica B (HCVB), causa no Sistema Único de Saúde observando o comprometimento do recurso público disponibilizado para o funcionamento desse sistema.
O tratamento da HCVB é muito oneroso para o SUS
O impacto econômico causado pela Hepatite Crônica B é relevante em todo mundo, pois ela é uma grande causa de morbidade e mortalidade, além de que o aparecimento dela em áreas endêmicas está diretamente relacionado com o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular (leiamais sobre esse câncer clicando aqui) e com a cirrose na população jovem. No Brasil, a região mais afetada é a amazônica, sendo a sua porção ocidental a mais endêmica.
No país ainda é precário o levantamento de dados sobre a doença no sentido de que não há estudos nacionais para dimensionamento do impacto socioeconômico da Hepatite B e de suas alternativas de tratamento antiviral. Os cinco medicamentos registrados no Brasil para o tratamento da HCVB são alguns tipos de Interferon, Peguilado, Lamivudina, o Adefovir e Entecavir.
No caso da Hepatite crônica sem cirrose o gasto médio anual por paciente foi estimado em mais de dez mil reais, considerando as probabilidades de tratamento antiviral para os pacientes com HC e o número médio de dias em tratamento para cada terapia. Nessa quantia tem uma participação os exames hematológicos que são solicitados para 95,5% dos casos, na frequência de cinco a seis vezes por ano, e exames bioquímicos são realizados em todos os casos. Na cirrose compensada, os exames laboratoriais (hematológicos, bioquímicos e testes sorológicos) são solicitados de 83% a 96% dos casos, além da ultrassonografia ser realizada em 96% dos casos e endoscopia digestiva alta em 81%. Na cirrose descompensada, os procedimentos diagnósticos e terapêuticos são realizados com maior frequência, sendo a ultra-sonografia e a endoscopia digestiva alta realizadas de duas a três vezes ao ano. No carcinoma hepatocelular, os exames laboratoriais hematológicos e bioquímicos são solicitados com frequência de sete vezes ao ano, por paciente. No transplante hepático o gasto do SUS no ano de 2004, por exemplo, ultrapassou os R$ 50.000,00 e outros gastos pós cirúrgicos somaram mais de R$ 35.000,00.
Com esses dados percebemos o quão oneroso é o tratamento da HCVB para os cofres públicos, incluindo a realização de exames que é relativamente frequente, porém os procedimentos e os medicamentos são os principais protagonistas desses valores advindos do SUS.

Fontes:
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-8M7G4A/tese_final_alessandra_maciel_almeida_2011.pdf?sequence=1
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v53n6/a13v53n6.pdf

9 comentários:

  1. No caso da Hepatite B, a maioria dos gastos foi com procedimentos e medicamentos, excluindo antivirais. Os gastos aumentam dramaticamente nos estágios mais avançados, sugerindo que retardar a progressão da doença poderá reduzir o gasto no longo prazo. Segundo estudo realizado em 2005, os gastos dos pacientes foram estimados e separados em cada estágio da HCVB. O gasto estimado anual por paciente foi: R$ 980,89 para hepatite B crônica, sem cirrose e sem tratamento antiviral; R$ 1.243,17 para cirrose compensada sem tratamento antiviral; R$ 22.022,61 para cirrose descompensada; R$ 4.764,95 para o carcinoma hepatocelular; e R$ 87.372,60 para o transplante hepático.
    Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42302007000600013&script=sci_arttext

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  2. É importante observar que a HCV gera grand impacto econômico pois em áreas endêmicas, o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular (CHC) e da cirrose acometem em grande parte a população jovem, comprometendo décadas de sua vida produtiva da mão de obra mais apta ao mercado de trabalho
    http://www.scielo.br/pdf/ramb/v53n6/a13v53n6.pdf

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  3. Anualmente, o número de consultas para pacientes com tratamento antiviral indicadas por hepatologistas, gastroenterologistas e infectologistas é de 6,3 vezes ao ano. Para pacientes sem tratamento antiviral, esse número cai para duas vezes. Exames hematológicos são solicitados para 95,5% dos casos, na freqüência de cinco a seis vezes por ano, e exames bioquímicos são realizados em todos os casos. Neste estágio da doença, não ocorre internação hospitalar. Na vigência de tratamento antiviral, procedimentos diagnósticos são realizados com maior freqüência. Assim, o gasto total do acompanhamento clínico estimado por paciente/ano do grupo tratado com antiviral foi de R$ 2.007,12 e, no grupo não tratado, de R$ 980,89. Nestes gastos, estão incluídos os honorários médicos, exames laboratoriais e procedimentos diagnósticos realizados para o acompanhamento do paciente, sem incluir o gasto do medicamento antiviral.
    Referência: http://www.scielo.br/pdf/ramb/v53n6/a13v53n6.pdf

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  4. A infecção crônica pelo vírus da hepatite B (HCVB) é uma grande causa de morbidade e mortalidade no mundo. A estimativa é que 400 milhões de indivíduos estejam infectados e até um milhão morram anualmente pela doença1. O impacto econômico associado à HCVB é relevante, pois, em áreas endêmicas, o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular (CHC) e da cirrose ocorrem na população jovem, acarretando décadas de vida produtiva comprometida. Inquérito sorológico realizado no Brasil (Rio de Janeiro, Manaus, Porto Alegre e Fortaleza) revelou soroprevalência de antiVHB de 7,9%, variando de 1,2% em Fortaleza a 21% em Manaus. A prevalência do AgHBs inferior a 2% é considerada baixa, entre 2% e 8%, intermediária, e alta quando superior a 8%. No Brasil, há áreas representativas dos três níveis de prevalência. A região amazônica é hiperendêmica em sua porção ocidental, e também a região com maior número de casos de associação de HCVB com o agente delta.

    Referências:
    http://www.scielo.br/pdf/ramb/v53n6/a13v53n6.pdf

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  5. Complementando a postagem é preciso deixar claro que a hepatite eleva o número do transplantes de fígado, visto que em fases avançadas da doença ela pode ocasionar cirrose, que tem como o transplante a única forma de cura. O gasto por paciente do transplante hepático no SUS, em 2004, foi de R$ 52.172,60, e o gasto com administração da imunoglobulina da hepatite B, no pós-transplante, foi de R$ 35.200,00, totalizando gasto final de R$ 87.372,60 no primeiro ano após realização do procedimento. O gasto do procedimento com o transplante hepático contempla a retirada do fígado do doador e os gastos do implante hepático no paciente, tais como diária hospitalar, exames complementares, medicamentos, hemoterapia, taxa de uso do centro cirúrgico e material. Contudo, os procedimentos e medicamentos representam os principais componentes do gasto com a HCVB.
    Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42302007000600013&script=sci_arttext

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Não tem tratamento específico para hepatite B, mas pode tomar medicamentos para reduzir quaisquer sintomas que você venha a sentir enquanto seu sistema imunológico combate o vírus. Para avaliar a evolução e garantir que o vírus foi definitivamente erradicado de seu corpo, ele poderá pedir exames de sangue periódicos. Para este caso, é necessário tratamento específico: Medicamentos antivirais: o médico recomendará o uso de medicamentos, que combaterão a ação do vírus VHB e que o impedirá de causar maiores danos ao fígado, geralmente usados de forma contínua, uma vez que não se consegue eliminar o vírus; Nos casos de cirrose avançada pode ser necessária a realização de um transplante de fígado: se o seu fígado foi seriamente danificado pela hepatite B, o transplante pode servir como recurso de tratamento. Não há estudos que definam com precisão o
    tempo ideal de tratamento da hepatite B crônica, especialmente com os antivirais orais, análogos nucleosídeos e nucleotídeos. Embora muitas das proposições careçam de melhor validação científica, sugere-se que a soroconversão HBeAg/anti-HBe e a indetectabilidade do HBV-DNA no soro por PCR sejam parâmetros importantes para definir a continuidade ou a suspensão do tratamento.

    http://www.projetodiretrizes.org.br/8_volume/34-hepatite.pdf

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  8. O impacto econômico associado à HCVB é relevante, pois, em áreas endêmicas, o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular (CHC) e da cirrose ocorrem na população jovem, acarretando décadas de vida produtiva comprometida. O estudo de estimativa de carga de doença constitui um método econômico descritivo que, associado aos dados de prevalência, incidência, morbidade e mortalidade, auxilia na mensuração do impacto para a sociedade decorrente de uma doença específica. Este tipo de estudo varia de acordo com a perspectiva utilizada e os diferentes tipos de custo considerados. A perspectiva na avaliação dos custos pode ser da sociedade como um todo, somente do agente provedor de saúde, ou do paciente. A escolha da perspectiva terá óbvio impacto nos tipos de custos a serem considerados, com claras implicações metodológicas. Os custos específicos são identificados e calculados para o estudo do custo da doença.
    Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42302007000600013&script=sci_arttext

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  9. É interessante dizer que existem estudos que mostram que é possível reduzir os custos com o tratamento da hepatite B, amentando ainda a eficiência. Segundo o trabalho, que é uma pesquisa do histórico de pacientes e seus tratamentos, o interferon peguilado demonstrou eficácia superior ao interferon e lamivudina, sem demonstrar diferenças estatiticamente significantes e efeitos colaterais semelhantes aos do interferon. A lamivudina foi sensível ao vírus para pacientes HBeAg negativo e apresentou desenvolvimento de resistência.
    fonte: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-8M7G4A/tese_final_alessandra_maciel_almeida_2011.pdf?sequence=1

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