terça-feira, 4 de novembro de 2014

Importância das Avaliações Econômicas para Exames


Os custos com assistência à saúde em todo o mundo aumentaram subitamente nas últimas décadas. Na maioria dos países, as despesas em saúde aumentaram a um ritmo mais rápido que o crescimento econômico global. Os EUA, por exemplo, gastaram 1,68 trilhões de dólares em assistência à saúde em 2003, ou 15,3% de seu produto interno bruto. Os exames têm uma influência profunda nas decisões médicas, embora os custos laboratoriais diretos sejam comparativamente pequenos, aumentando os custos totais.

Tendo em vista esse aumento, sempre que se tiver que tomar decisões acerca dos exames laboratoriais a serem realizados para a detecção de doenças, deve-se fazer a avaliação econômica dos procedimentos, pois ela fornece um meio de avaliação dos custos comparativos de estratégias de cuidados alternativas. Assim, têm-se toda uma metodologia para as avaliações econômicas, que é um processo complexo e uma “ciência inexata”.

As abordagens à avaliação econõmica incluem análise de custo-minimização, custo-benefício, custo-efetividade e custo-utilidade. A primeira determina os custos de abordagens alternativas que produzem o mesmo desfecho e pode ser considerada o tipo de avaliação mais simples, mas menos informativa; a análise custo-benefício determina se o valor do benefício excede o custo da intervenção e, portanto, se a intervenção é compensadora; a análise custo-efetividade contempla a maneira mais eficiente de gastar um orçamento fixo; e a análise custo-utilidade inclui a qualidade e quantidade do desfecho de saúde ou, em outras palavras, a contemplação da qualidade de anos de vida ganhos.

Assim como já exposto nas postagens anteriores, a adição de nova tecnologia frequentemente aumenta tanto o custo como o benefício. Nesse sentido, as decisões acerca do uso de determinado exame dependerão de fatores como vontade de pagar e outras pressões políticas e individuais. Por isso, a perspectiva a partir da qual uma avaliação é realizada, que pode ser a de um pagador ou da sociedade, afeta o projeto, a conduta e os resultados da avaliação.

Toda essa avaliação econômicas é importante para a decisão de implementar um novo tipo de exame ou não, pois o fluxo de exames novos em medicina laboratorial é grande. Desse modo, os laboratórios devem ter a capacidade de realizarem as avaliações econômicas , o que as ajuda a tomarem decisões. Isso porque o orçamento do laboratório em geral é feito independentemente dos custos custos de assistência à saúde, o desfecho dessa implantação deve ser transformado em ganho monetário real e a introdução de um novo exame irá produzir benefícios apenas se uma alteração correspondente na prática for implementada.

Assim, observamos a importância das avaliações econômicas para a economia na realização de exames laboratoriais, tanto para o laboratório como para o interessado no serviço.

Fontes:
http://www.oecd.org/health/health-systems/35618945.pdf
BURTIS, C.A ., ASHWOOD, E.R. TIETZ. Fundamentos de Química Clínica. 6 ed., Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2008.

10 comentários:

  1. Nos últimos anos, o crescimento acelerado dos gastos em saúde se tornou um grande problema em países desenvolvidos e especialmente nos países em desenvolvimento. São diversas as causas desse crescimento de gastos, sendo a principal o desenvolvimento tecnológico de novas estratégias diagnósticas e terapêuticas - que na grande maioria das vezes são mais eficazes, mas ao mesmo tempo mais caras. Também é previsto que essas novas estratégias ampliem a expectativa de vida dos pacientes e que, com o crescimento do número de idosos, ocorra um conseqüente aumento dos gastos com saúde. Dado que os recursos financeiros são limitados, a sua utilização para custear o tratamento de pacientes com uma doença impossibilita que os mesmos sejam destinados para outros usos em potencial. Assim, torna-se necessário maximizar os ganhos em saúde obtidos por meio do uso dos recursos disponíveis, e, para isto, a tomada de decisão deve apoiar-se em avaliações criteriosas que levem em consideração aspectos clínicos e econômicos com o objetivo de formular as políticas de saúde.
    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2009001200002

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. O perfil epidemiológico brasileiro vem se modificando desde os anos 1950 e, neste cenário complexo, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) atualmente assumem papel de destaque entre as principais causas de morbimortalidade (1,2).
    Esse fato leva à necessidade de reforço das ações de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento para o controle das DCNT, em particular, o diabetes melito e a hipertensão arterial que são fatores de risco para outros agravos que acarretam altos custos, tanto do ponto de vista social quanto econômico. No Brasil, o custo anual estimado para o tratamento da hipertensão arterial no sistema público de saúde foi de US$ 398,9 milhões e representou 1,43% dos gastos totais do SUS (7). Estudos sobre custos hospitalares e com medicamentos por algumas doenças crônicas vêm demonstrando o impacto econômico dessas doenças para o SUS, bem como que o diabetes e a hipertensão são potenciais preditores clínicos para o agravamento dos casos, aumento do tempo de internação e apresentam consequentemente associação positiva com maior custo de tratamento. Após diversas análises, foi concluido que os medicamentos representaram os maiores custos para assistência e identificou-se diferença considerável entre os custos estimados e os valores reembolsados pelo SUS.

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302011000600007

    ResponderExcluir
  4. Muitas vezes, o problema não está apenas na criação de novos exames, como cita a postagem. Em muitos casos, os custos desnecessários se dão pelo uso indiscriminado de exames já existentes. A avaliação pré-operatória, por exemplo, é indispensável para o tratamento do paciente cirúrgico, podendo diminuir riscos e contribuir para um melhor aproveitamento da cirurgia. Porém, nesse caso, adquirem maior importância a história clínica e o exame físico, que, geralmente, são responsáveis pelo diagnóstico da enfermidade. Assim, a ampla gama de exames laboratoriais pré-operatórios, sejam eles testes específicos ou exames por imagens, deve ser utilizada apenas como medida complementar à suspeita clínica, ao passo que a solicitação indiscriminada e rotineira é desnecessária e implica, além de custos adicionais para a instituição, assunto principal da postagem, a possibilidade de resultados falso-positivos, o que pode trazer graves consequências aos pacientes.
    Referência: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942014000100054&lang=pt

    ResponderExcluir
  5. A saúde representa um setor primordial para um país, assim como educação e segurança, por exemplo. Dessa forma, países desenvolvidos geralmente destinam uma boa parte do se PIB para a área da saúde, porque a contratação de profissionais qualificados, compra de equipamentos, abertura de postos de atendimento, incentivo à pesquisa, apenas para citar alguns exemplos, são atividades consideravelmente onerosas.Dos R$ 47,3 bilhões gastos com investimentos pelo Governo Federal em 2013, o Ministério da Saúde foi responsável por apenas 8,2% dessa quantia, segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM). Dentre os órgãos do Executivo, a Saúde aparece em quinto lugar na lista de prioridades no chamado “gasto nobre”. Isto significa que as obras em rodovias, estádios, mobilidade urbana e até armamento militar como blindados, aviões de caça e submarinos nucleares ficaram a frente da construção, ampliação e reforma de unidades de saúde e da compra de equipamentos médico-hospitalares para atender o Sistema Único de Saúde (SUS).
    Fonte: http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=24511:saude-representa-so-8-do-total-de-investimentos-publicos-no-brasil&catid=3

    ResponderExcluir
  6. A postagem deixa claro a importância de se averiguar o custo-benefício de um exame. Tão logo, assim, é importante que o médico faça um exame clínico adequado e diminua a o excesso de exames laboratórias. O exame clínico é dividido em duas etapas: a anamnese e o exame físico. A partir delas, é possível obter informações sobre o estado geral de saúde do paciente, podendo ser identificadas doenças a partir de sinais e sintomas. O sinal é uma característica física que pode ser detectada pelo médico, como uma mancha na pele decorrente de uma micose. Já o sintoma, é uma característica subjetiva relatada pelo paciente, como tontura. A anamnese, que consiste na entrevista feita pelo profissional quando da realização da consulta, é muito importante como uma etapa do exame clínico. A partir de um questionário, o médico obtém informações importantes sobre a história atual e pregressa do paciente. Tudo isso é importante para que a quantidade de exames diminua e o custo do paciente ,e evite até sofrimento do paciente com exames invasivos excessivos.
    Fonte: http://www.capesesp.com.br/a-importancia-do-exame-clinico

    ResponderExcluir
  7. Mesmo com todos os estudos sobre avaliação econômica, o principal seria focar naquilo que causa os maiores custos na rede da saúde e procurar meios que possam diminuir tais custos a fim de podermos utilizar tal dinheiro em outros setores para melhoramento do sistema de saúde. Os custos diretos e o valor reembolsado pelo SUS totalizaram R$ 4.855.291,82 e R$ 2.118.893,56, respectivamente. Os grupos de despesas que apresentaram maiores custos foram: medicamentos R$ 1.762.424,42 (36,3 por cento), serviços de terceiros R$ 996.637,82 (20,5 por cento) e pessoal R$ 978.096,10 (20,1 por cento). Tais dados apresentados representam os custos de uma pesquisa voltada ao diabetes feitas em 2011, na qual os maiores custos apresentados foram os de medicamentos e todos os custos representaram valores acimas dos esperados na conta do SUS. Percebemos que não somente a questão dos exames deve ser tratada, mas o sistema em si.
    FOnte: http://bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-601817

    ResponderExcluir
  8. A avaliação econômica em saúde se baseia em dois conceitos normativos, o welfarism e o extra-welfarism. Ela visa a responder basicamente duas grandes questões: (1) A estratégia de saúde em questão é vantajosa quando comparada com alternativas que poderiam ser implementadas com estes recursos?; e (2) Estamos cientes e de acordo que os recursos sejam usados desta maneira e não de outra?
    Em razão de sua importância e do espaço crescente da avaliação econômica em saúde nos periódicos de saúde pública, é importante o conhecimento e identificação das características básicas da avaliação econômica em saúde. Além disso, é necessário reconhecer os principais tipos de avaliação econômica em saúde e entender as metodologias utilizadas para melhor compreender os diversos resultados que delas podem derivar. Tais pontos são apresentados a seguir com enfoque em doenças infecciosas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Referências:
      http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2009001200002

      Excluir
  9. Avaliação econômica em saúde, igualmente às avaliações econômicas conduzidas em outros campos de atividades, compreende a comparação de alternativas com respeito a seus custos e suas conseqüências 1. Portanto, a tarefa básica de qualquer avaliação econômica é identificar, medir, valorar e comparar os custos e conseqüências das alternativas.
    Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2009001200002

    Entretanto, quantitativamente, os custos e as conseqüências variam em função da perspectiva adotada. Assim, para se conduzir uma avaliação econômica é necessário definir qual será a perspectiva adotada. As perspectivas mais utilizadas são a da sociedade como um todo e a do terceiro pagador, que pode ser o sistema de saúde ou um plano de saúde; a perspectiva do paciente é a menos utilizada. Quando a perspectiva é a da sociedade, os custos devem ser computados de maneira mais abrangente, incluindo, por exemplo, os custos relacionados aos dias não trabalhados de um paciente por ocasião de uma internação, e os custos associados ao transporte do paciente, pagos pelo mesmo para realizar consultas e exames. Entretanto, se é a perspectiva de um sistema de saúde como o SUS, esses custos não são incorporados, pois não são da competência do mesmo

    ResponderExcluir